sábado, março 23, 2013

A Tribute to Joan Crawford's Birthdate



A lenda reza que Joan Crawford fez de tudo. Esteve em contenda com Bette Davis, ganhou seu reconhecimento de melhor atriz diante da academia, fez dublê de filme mudo, teste do sofá, gravação de cena sem maquiagem, tricotou ignorando pessoas, debochou de atrizes iniciantes, participou de horrores emblemáticos, bebeu e fumou tudo quanto é filme B. “Existe outra Joan Crawford que deveríamos lembrar...” – (Bob Thomas, biográfo). Seu trabalho virtuoso de construção de imagem permanece ainda hoje por trás da penumbra de Mommie Dearest (1978).

Para ilustrar a importância atribuída à Crawford em The Ultimate Movie Star, não há exemplo tão contundente quanto o filme Os Desgraçados Não Choram (The Damned Don’t Cry, 1950), dirigido por Vincent Sherman. Este melodrama com elementos de filme Noir conta a história da ambiciosa Ethel Whitehead, uma coitada de inexpressiva origem econômica, cuja perseverança de subir a hierarquia social torna-lhe a adorável socialite Lorna Hansen Forbes. Entra agora em cena a pergunta posta como a fórmula de Joan Crawford, ficção ou realidade?

O documentário em curta-metragem, mostrado a seguir, reuniu [em 2005] biógrafos, críticos e acadêmicos para discutir a semelhança dessas duas imagens. Assim como Ethel Whitehead, Lucille Fay LeSueur veio de uma criação difícil. Lucille se via deficiente de uma figura paterna, sofreu abusos, perdas e iniciou uma carreira cedo como dançarina, após conseguir seu contrato de “mais-um” na MGM.

Documentário legendado em português e divulgado entre fãs brasileiros,
nosso presente de aniversário à Crawford.

Lucille transita de bico para bico como Ethel, mas com seu trabalho de uma forte personalidade culmina na construção da identidade crawfordiesca, uma estrela que é sempre assim no momento que pisa fora de casa. A sofisticação, a elegância, o status de self-made woman respondeu ao padrão americano da época com a imagem de demanda do público. Joan Crawford pela primeira vez foi aceita socialmente.

No imaginário hollywoodiano da ficção, a construção torna-se milhões de vezes mais ágil e rocambolesca com os eventos da vida de uma Lorna Hansen Forbes, aliciada pela máfia, sustentada com dinheiro de trapaças públicas, traindo tudo e todos. Ela sobe na vida, one man at a time. O imaginário Camp supera, mas não se desfaz de sua matéria-prima, a vida de estrelas, como Crawford, que outrora renegadas se tornam depois ícones de comportamento e convidadas disputáveis. Existe a Joan Crawford que devemos nos lembrar – a mãe protetora de Mildred Pierce, a guerreira de estímulos feministas de Johnny Guitar, a descarada revolucionária de As Mulheres, a herege brilhante de Rain, a apaixonada de Possessed, a mamãezinha querida de Queen Bee, a idílica companheira de Daisy Kenyon. Figuras fortes e inesquecíveis que trabalharam a feminilidade de Joan como uma pedra espessa sendo lapidada para tornar-se preciosa. Hoje, 23 de Março, o dia em que mais um ano se completa desde o dia que seu brilho veio ao mundo.


Este dia será celebrado com a ilustre presença de dois convidados, cuja devoção à Crawford lhes trazem a comentar aqui aspectos da carreira desta atriz tão fascinante, o símbolo definitivo de uma Self-Made Woman.





Por Leonardo Baricala

Velhos nomes passam da moda, novas estrelinhas brilham e desaparecem, mas Joan Crawford é a estrela que não se apaga! Ela é uma personagem lendária, a mulher que possuiu o segredo de um glamour perpétuo. Sua carreira tornou-se a mais longa de qualquer das estrelas de Hollywood. Por décadas representou no écran a mulher americana! De uma criança sem pai à impassível dançarina, de corista à estrela de cinema, Lucille LeSeur, tida também como uma das flappers originais, por pura audácia conseguiu o que queria: vendeu por 50 anos, com singular sucesso, o que é hoje Joan Crawford.

Quando se tem talento, é natural tornar-se uma grande artista através de grandes papéis, ótimos argumentos e magníficos filmes. Entretanto, é incomum o que Crawford conseguira: impor seu talento artístico, destacar-se entre o céu estrelado da MGM, apenas com papéis na maioria inexpressivos, argumentos fracos e sofríveis. Sim, porque superar esses papéis de pouca valia e torna-los verdadeiros sucessos, é ser a maior entre as melhores estrela de todos os tempos. Nem a divina Garbo, nem mesmo a magnânima Hepburn, nem a genial Bette Davis, nem mesmo a superprotegida Norma Shearer teriam sido grandes, sobrevivido àquelas circunstâncias tão adversas que Joan teve que enfrentar.

Joan não teve a sorte, por exemplo, da mulher chamada Bette Davis. Esta praticamente começou por onde, tempos depois, ela iria chegar: importantes papéis dramáticos em filme categorizados. Muitos dos quase 80 filmes que fez, poderiam destruir no ato a carreira de qualquer outra atriz. Mas bastava que seu nome fizesse parte do elenco, para que milhares de admiradores garantissem o êxito da película.

Joan herdou a coroa de Mary Pickford, e reinou na cidade de celuloide (E foi também a rainha da Pepsi-Cola!). Em certa ocasião, a Queridinha da América lhe disse: ‘Billie, minha querida, eu estou orgulhosa do que fez de sua vida. Você não atingiu somente um objetivo, superou-o!’

“If you’ve earned a position, be proud of it. Don’t hide it. I want to be recognized. When I hear people say, ‘Joan Crawford!’ I turn around and say, ‘Hi! How are you?!’”

Certas estrelas assumiram uma importância muito maior do que qualquer filme em que estiveram. Joan Crawford foi uma delas.



Leonardo Baricala possui 18 anos,
nascido em 26 de Julho de 1994, do signo de Leão.
Iniciará no ano corrente o curso de Letras e Linguística
da Universidade Federal de Uberlândia.
Pensa em trabalhar como tradutor,
ou até quem sabe lecionar
Língua Portuguesa nos EUA ou Europa.
Procrastinado em relação ao cinema, se interessa
pelas estrelas e por filmes bem realizados.

Por Lucas Leigh 

“Gosto interpretar seres humanos que estão na sarjeta” disse Joan Crawford em entrevista ao Evening Herald em 1930, mesmo ano em que fez Paid onde interpretava Mary, uma garota que foi injustamente condenada à prisão. Dos mais de oitenta filmes que estrelou em sua longa e brilhante carreira provou que ninguém sabia melhor do que ela como dar vida a estes seres humanos, porque talvez, poucas atrizes tenham passado pelo inferno emocional que foi a sua infância e juventude: abandono, violência, abuso, pobreza, humilhações... 

Mas, assim como Ethel Whitehead, sua personagem em The Damned Don’t Cry, decide sair da condição miserável que vive e fazer algo realmente importante com sua vida, sua personagem se torna Loran Forbes, uma socialite que tem um relacionamento com um dos maiores gangster americanos. Ela, a corista nascida Lucille Fay LeSueur se torna Joan Crawford que dominada por um talento inigualável, uma disciplina feroz, ambição infernal e um rosto esculpido por deuses, se torna um dos maiores e eternos ícones mundiais. 

Assim como Ethel, também deu vida a Marion, uma operária que decide ir para a cidade grande e subir na vida e acaba esbarrando em um milionário que é ninguém mais, ninguém menos que Clark Gable. Seu co-astro favorito e o amor de sua vida. O filme é de 1931 e se chama Possessed e nele temos uma das mais fascinantes cenas da história do cinema. Um trem em movimento e em cada janela uma situação diferente, sonhos, ambições, amores e Marion do lado de fora que observa possuída pelo desejo de mudança, de sair da vida que julga miserável.

Também deu vida a Sadie Thompson, uma das personagens mais queridas de grandes atrizes como Tallulah Bakehead, Gloria Swanson e Jeanne Eagels. Sadie, uma mulher de alma livre que é atormentada por um missionário extremista que a obriga a cumprir uma pena de três dias rezando para se salvar se seus pecados, mas é abusada sexualmente por ele. O que nos lembra do abuso que sofreu quando criança por seu padrasto e foi mandada para uma escola católica, porque sua mãe e padrasto a culparam pelo incidente. 


E em 1934, faz um de seus melhores filmes que leva o nome de sua personagem, Sadie Mckee. Filha de uma cozinheira que foge com o namorado para Nova York, mas é abandonada dias depois e se vendo sem emprego, dinheiro e esperanças, vira dançarina em uma boate. Quem conhece a história da vida de Joan Crawford mais a fundo, sabe que onze anos antes deste filme, ela era dançarina em clubes de strip e chegou bem perto de ter que se prostituir. Mas assim como na vida real, no filme, a personagem tem algo muito melhor preparado pelo destino e então vemos Sadie comemorando mais um ano de vida, comemorando ter sobrevivido e ter encontrado um novo amor. Comemorando e celebrando o início de uma nova vida. E isto, Joan também encontrou em sua nova casa, a Warner Brothes, após o término do seu contrato com a MGM, o estúdio que havia sido sua casa por 18 anos. O estúdio que lhe dava papéis abaixo de seu talento, comédia bobas e inadequadas para uma Joan madura, mas mais bela do que nunca! 

Em sua nova casa, Joan fez muitos dos seus melhore filmes, começando com o icônico Mildred Pierce, interpretando brilhantemente a personagem título, uma mulher divorciada que sofre os efeitos da grande depressão e com duas filhas pra criar. Se vê cheia de dívidas e então se obriga a procurar trabalho, encontrando como garçonete. Por este filme, ganhou o seu tão merecido Oscar de Melhor Atriz. 

Estrelou a personagem Harriet Craig, no filme de mesmo nome, que é mentirosa e manipula a vida de todos ao seu redor para conseguir e manter as coisas a seu gosto. Cito este filme somente porque nele, personagem e atriz tem algo em comum, a mania doentia por limpeza e organização. Mania esta que pegou quando, ainda muito jovem, trabalhou com a mãe em uma lavanderia, onde sofria os mais horríveis maus tratos, horas extenuantes de trabalho e morava nos fundos do estabelecimento. Os traumas deixados em Joan foram algo que a atormentaram pelo resto de sua vida. 

Em Caminho da Redenção da vida a Davidson, uma dançarina de um circo itinerante que decide ficar em uma cidade governada por um político corrupto que vendo nela uma ameaça, torna a vida dela um verdadeiro inferno para que ela vá embora. Mas Lane não baixa a cabeça e enfrenta o político se aliando a pessoas que também estão cansadas do governador corrupto. Isto me lembra o que foi a vida de Joan, uma luta constante, muitos sofrimentos e tragédias, mas também muitas vitórias e glória eterna.

E o seu talento, beleza e glamour estão congelados no tempo e por toda a eternidade. Hoje, 23 de março, se comemora o seu aniversário e se celebra esta mulher inesquecível como poucas. 

Um brinde à rainha de Hollywood!










Lucas Leigh, libriano de dezoito anos,
nasceu em 18 de outubro de 1994 e é ator.
Atualmente, estuda na Escola de Teatro NEELIC.
Pretendo fazer teatro e cinema aqui no Brasil
e quem sabe fora daqui. O que me atrai no cinema?
Bom, é a magia, algo grande e profundo demais
para se por em palavras.


Agradeço a existência de vocês por aqui.
Que Joan Crawford descanse em paz.



sábado, março 16, 2013

Possessed

Ela grita David e todos estão aos seus pés - neste tesouro da Warner Bros. de 1947.



Certamente que Joan Crawford nasceu para interpretar o papel da mulher descontrolada, uma enfermeira fiel a suas emoções que se chama Louise Howell. Ela deve ter cerca de trinta e poucos anos, e as numerosas tarefas na casa de Dean Graham ocupam todo seu tempo. Sem dúvida, Louise toma o pouco tempo que resta para amar. Amar o homem fatal David Sutton, interpretado brilhantemente por Van Heflin. Na casa de Dean Graham, Louise cuida da esposa inválida do patrão e, nas horas vagas, regozija-se da companhia do amado David. Como um autêntico veículo crawfordiesco, representante da Era de Ouro dos melodramas feitos pela Warner do pós-guerra, dos Women’s Pictures, POSSESSED coloca sua protagonista num turbilhão de emoções sem nunca evitar a construção de uma figura simpática.

Louise dada aos seus rompantes passionais.

A vida de Louise Howell se transforma completamente no seu dia de folga. A cuidadosa enfermeira se enfurece frente ao descaso de seu cético e matemático amante. Ao voltar arrasada para casa, ela recebe a notícia de que a mulher que estava aos seus cuidados faleceu enquanto ela discutia a relação com David. O mistério acerca da morte da senhora Graham gradativamente acarreta um transtorno psíquico na vida de Louise , seus sentimentos não correspondidos se tornam um fardo, a obsessão amorosa, argumento chave do filme.

                           O colapso de Louise ao ver David com outra mulher.

É louvado como uma peça essencial de filme Noir. O engomado termo francês veio caracterizar personagens problemáticos, relações amorosas doentias, criminalidade sob a ótica de uma realidade onírica e decadente. O chiaroscuro barroco e o expressionismo alemão mandam lembrança por meio dos planos embrigados de iluminação e contraste, em que surge um jogo entre ilusão e realidade que os fãs do gênero tanto amam. Da mesma forma que a feitura do Noir preza por uma estética tortuosa e potencializada, as interpretações carregam heranças acerca de uma teatralização explicitada, desde a pantomina do cinema mudo até a solidificação em si mesma de uma sensibilidade Camp, um aprendiz do Kitsch.


A cena inicial com Joan Crawford sem maquiagem, reza a lenda.

Admirado pelos estudiosos do gênero, POSSESSED chegou numa boa hora para sua estrela Joan Crawford que agradando seus fãs faz miséria de Louise. Sua interpretação traz um trabalho virtuoso de força e comoção. Há uma complexidade nos seus olhares que comunicam o sofrimento da personagem e em seu corpo rígido se transpõe sem muitos movimentos bruscos uma tensão proposta pela narrativa. A rigidez da sua atuação funciona como faca de dois gumes, por um lado nos simpatizamos com ela e por outro nos distanciamos dos seus absurdos. A perspectiva psicológica colocada pela câmera subjetiva e pelo formato de memórias em que se constrói a narrativa traz o efeito melancólico de um dos primeiros casos esquizofrênicos retratados pelo cinema.


Momento mui emblemático: DAVID! DAVID!

Parte do discurso psicanalítico no filme pode parecer demasiadamente sistemático. Todavia, o trabalho de mostrar ao espectador a dificuldade da protagonista em diferenciar realidade e ilusão por meio de linguagem cinematográfica triunfa em cima disso.

Vibramos cada vez que um colapso acomete Joan Crawford e podemos testemunhar de perto sua bravura ressonante.


Ver Também +


"Possessed: The Quintessential Film Noir" (2005)


Um documentário sobre a importância de "Possessed" para o cinema Noir.
[http://www.imdb.com/title/tt1003038/]



La Possédée

Elle vocifère David et tout le monde est à ses pieds - dans un tresór de Warner Bros. de 1947.


Bien sûr que Joan Crawford est née pour interpréter un rôle comme de la femme incontrôlée, une infirmière fidèle à ses émotions que s’appelle Louise Howell. Elle doit avoir quelques trente ans et les nombreuses tâches pour faire dans la maison de Dean Graham occupent tout son temps. Sans doute, Louise prend le peu de temps que reste à l’amour. L’amour à l’homme fatal David Sutton, interprété parfaitement pour Van Heflin. Dans la maison de Dean Graham, Louise soigne l’épouse invalide de son patron et quand il lui donne un jour de congé, elle se plaît de la compagnie d’amant David. Comme un authentique véhicule de Crawford, représentant de l’âge d’or de mélodrames par Warner d’après la guerre, de films de les femmes – « Women’s Pictures », LA POSSÉDÉE trouve sa protagoniste dans un tourbillon d’émotions sans éviter la construction d’un personnage sympathique.

"Porquoi?". David demande à Louise.

La vie de Louise Howell se transforme complètement durant un jour de congé. La méticuleuse infirmière s’irrite avec la négligence de son amant, un mathématicien très sceptique. Après retourner à la maison dévastée, elle reçoit la nouvelle de que son patient était mort alors que elle discutait la relation avec David. Le mystère de la mort de madame Graham va causer peu à peu un trouble psychiatrique à la vie de Louise, ses sentiments deviennent un fardeau, l’obsession amoureuse est le principal argument du film.

Louise cherche David en étrangers dans la rue.

Il est louangé comme une pièce essentielle du film noir, au cinéma américain des années 40. L’élégant et gâté terme [film-noir] a été inventé par un critique français dans le but de caractériser personnages problématiques, les relations amoureuses conflictuelles, la criminalité d’un point de vue onirique et décadent. Le baroque clair-obscur et l’expressionnisme allemand nous envoient de souvenir à travers des plans soûls d’illumination et de contraste. Où on a un jeu entre l’illusion et la réalité que les fans du genre aiment tant. Comme la production du Noir apprécie son esthétique tortueuses et puissante, l’interprétations prennent un héritage de théâtralité plus explicite de la pantomime du cinéma muet à la solidification d’une sensibilité Camp, l’apprenti du Kitsch.

Louise ne sait pas quoi faire quand voit David avec autre femme.

Admiré par les chercheurs du genre, LA POSSÉDÉE est arrivé dans un bon moment pour Joan Crawford que plaît ses fans avec un tour de force. Son interprétation combine un travail virtuose de force et commotion. Il y a une complexité dans ses yeux que communiquent la souffrance de Louise et son corps rigide, sans mouvements brusques, révèle une tension proposée par l’histoire. La rigidité de sa performance ambigüe fonctionne d’une part qu’on sympathise avec elle, mais d’autre part on distance de ses absurdités. La perspective psychologique donnée par la caméra subjective et par le format de conter avec mémoire crient un effet mélancolique pour un de les premiers cas schizophrène représenté dans le cinéma.

Louise parle avec le docteur de ses mémoires.

Part du discours psychanalytiche peut se présenter trop systématique. Toutefois, le travail de présenter au spectateur la difficulté de Louise triomphe. À partir de la langage cinématographique, quand elle a besoin de différencier l’illusion et la réalité, son moment de catharsis se construit aussi à travers d’une esthétique unique. On vibre à chaque fois qu’une folie attaque Joan Crawford et on peut témoigner près d’elle sa bravoure résonnante.

Joan Crawford, la reine chez le monde du film noir.


Voir aussi +

"La Possédée: Le Film Noir Quintessentiel" (2005)


Un documentaire sur l'importance de "La Possédée" au genre de les films Noir.