sexta-feira, maio 13, 2011

Divina loucura marca a década de 50

"Crepúsculo dos Deuses" é a metalinguagem prima no meio de um século. Da ascendência mortal até a decadência eterna, onde criaturas bebem da cruel fonte do show business. Só podia ser a comunicação do espectador com um verdadeiro cérebro, sim... Pela genialidade e por um bom tempo que acredito no cinema de Billy Wilder, na sua maneira construtora desta linguagem visual que faz incontáveis cinéfilos adicioná-lo aos favoritos.


Neste dissimulado Noir, Gloria Swanson incorpora-se no papel de Norma Desmond – uma estrela recusando a acreditar que entrou em decadência com o fim do cinema mudo – vivendo em sonhos e numa mansão vazia situada na Sunset Boulevard n°10086. O pontapé da história se dá quando Norma, por um equívoco, depara-se com um roteirista em fuga chamado Joe Gillis – personagem do charmoso William Holden –, que até então já tinha se mostrado como narrador da história e também revelado um assassinato desentendido.



É com a mistura mortífera desta narração detalhista e a evasão da protagonista com os reflexos cinematográficos, a análise comportamental diante de aspectos – como fama, narcisismo, necessidade, ciúmes, solidão e reciprocidade –, estruturados em uma situação comum e cotidiana, faz desta obra uma verdadeira fonte de significado ilimitado.

É como assistir um filme sobre os bastidores de outros e como resultado disso, o espectador não tem a segurança de descrever aquilo como sendo arte ou vida, real ou imaginário; porém, de uma forma lúcida, a primeira coisa possível que ele observa é o círculo vicioso que alguns dos personagens estão envolvidos, característica forte do estilo Noir, que seria a alienação do personagem trajada por uma moral ambígua e que, provavelmente, é uma condição crônica.




A dependência econômica de Joe com a necessidade de liberdade, a ilusão construída por Norma de esperar pelo seu retorno triunfal ao estrelato, as aparições saudosistas de artistas do cinema mudo, esta liberdade de comunicar o passado histórico com o presente fictício e o cenário milimetricamente calculado fazem de "Crepúsculo dos Deuses" uma das obras mais influentes na história do cinema.

É através de uma origem decadente que "Crepúsculo dos Deuses" se fez uma ascensão eterna e nunca, por motivo algum, se tornará pequeno; nem mesmo quando Norma Desmond não tiver mais espaço para ser grande.



Detalhes...

  • Em "Beleza Americana", por exemplo, é possível observar a mesma tendência narrativa, até mesmo no detalhe da iniciação do trajeto através da morte.
  • Em "Twin Peaks", quando David Lynch faz seu cameo de 6 episódios, o nome de seu personagem é inspirado aqui no Billy Wilder.

Um comentário:

  1. Que ótima escolha para o nascimento do seu primogênito!!!Pretendo assistí-lo com você, como todos os outros. Muito sucesso nessa sua nova jornada, que apesar de virtual, trará tanto prestígio quanto a real! Um beijo bem grande da madrinha que tem o afilhado mais lindo!!!

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