quarta-feira, maio 25, 2011

Nunca existiu um homem como o meu Johnny Guitar

Feito de elementos inusitados para um Western...
JOHNNY GUITAR (Nicholas Ray, 1954) honra o seu legado Cult na composição quase freudiana de seus personagens. Joan Crawford domina a cena na impulsiva personalidade de Vienna e sua rival amorosa Emma, personagem da elogiosa Mercedes McCambridge. Truffaut elaborou o seu espertíssimo conceito a respeito do filme: "A Bela e a Fera dos Westerns, só que com Sterling Hayden no papel da Bela".


Nesta belíssima fotografia emersa de cores tão dramáticas, dizem as boas línguas que se esconde um breve comentário a respeito do "McCarthismo" e sua incansável perseguição política. Enquanto tal questionamento pipoca na mente do espectador, como não ficar absorto durante as transições de personalidade tomadas pelo elenco? A ambivalência dramática define Vienna em função do seu passado, sua vontade de estabelecer uma vida nova, enquanto a ressentida Emma, incapaz de encarar sua própria identidade sexual, tenta girar a roleta daquele Saloon a seu favor. The Dancing Kid, uma das alavancas que ocasiona a tensão no enredo, busca afirmar sua masculinidade em cima de Johnny Guitar, um antigo amor de Vienna, e o herói mais passivo que este gênero já conheceu.


"Um Western impostor...", define Truffaut, mas Sterling Hayden tem o seu ocasional ato heróico, antes do subsequente refúgio com Vienna, e a natureza que habita o gênero deste filme é justificada (com um ar de surpresa por parte do espectador).


Como é inesquecível a imagem de Joan Crawford tocando seu piano ante ao terrível acontecimento que estava por vir! Trajando um pomposo vestido branco, sua personalidade se manterá intacta na história do cinema. Assim como a clássica cena utilizada para dublagem em "Mulheres à beira de um ataque de nervos" de Almodóvar, sua significante desenvoltura poética é famosa por ter impressionado diversos críticos franceses.


É um aperitivo para aqueles que buscam variações de um mesmo gênero. Ao mesmo tempo que nos emite um sentimento de já ter percorrido esse trajeto - um deleite visual.

Um comentário:

  1. O teu minucioso e refinado bom gosto me atrai. Mais uma vez.
    Não li, o tempo não esteve a meu favor hoje, mas na semana escreverei um comentário mais idílico! ;D

    Abração!

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