segunda-feira, agosto 01, 2011

Entre sucesso e decadência, acordes e amores


HUMORESQUE (1946) provavelmente não funcionaria tão bem sem o poderoso elenco. Esta produção pode ser caracterizada senão como um clássico “camp” do romeno Jean Negulesco. Estruturado no formato novelão, muito bem popularizado pela Warner nos anos 40, o filme conta a história de um romance dividido entre o sucesso e a decadência. O violinista Paul Boray (John Garfield) introduz com algumas linhas o longo flashback que desdobra a história de sua vida. Deixando a família humilde na infância, como um adulto encontrando o sucesso, Boray se apaixona pela afortunada Helen Wright, uma mulher controladora que encontra no álcool a sua fuga da realidade. Uma das primeiras coisas evidentes que podem ser vistas como o ponto pouco convincente da narrativa é o contraste em relação aos dois cenários da trama. A quinta avenida dos luxos e exageros, onde a personagem de Crawford decide por fim a uma vida vazia a qual está submetida, frente ao espaço da família do violinista, onde os cidadãos parecem estar satisfeitos mesmo vivendo uma vida de dificuldades e a recusa do filho pródigo. A exímia direção é o fator que mais atrai a atenção do espectador, na sua montagem impecável e na percepção da música como em nenhum filme já feito pela Warner. O captar da gloriosa ascensão dos acordes de Boray por ser tão memorável quase desculpa a artificialidade no retrato daquelas relações sociais. Se não bastasse a estética brilhante, o sucesso comercial de HUMORESQUE funciona bem como veículo a Joan Crawford, que indubitavelmente recebe um tratamento especial pela câmera, especialmente nas cenas em que aprecia os concertos e, nessas sequências de extremo êxtase, o espectador de longe nota a dedicação emocional da atriz. Pode-se dizer que a redenção praiana de Crawford, intensamente orquestrada por “Liebestod” da composição wagneriana “Tristão e Isolda” e fotografada por Ernest Haller, vale pelo filme!



Um filme necessário aos indivíduos que buscam o cinema enquanto representação musical e que agradará especialmente os fãs de Joan Crawford por ser repleto de sua requintada, mas intensa e poderosa interpretação



....CURIOSIDADE: A homenagem que Madonna faz ao filme com o seu videoclip "The Power of Goodbye"



Um comentário:

  1. Muito bom o seu blog. Vou linká-lo.
    Syl, venha participar no meu blog de um despretensioso teste de conhecimentos cinematográficos. Começo com NICHOLAS RAY (Juventude Transviada). O vencedor leva DVDs clássicos.
    Abração,

    O Falcão Maltês

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